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XIV Peregrinação Diocesana a Fátima

XIV Peregrinação Diocesana a Fátima

Mais de 1300 alentejanos em Peregrinação Nos dias 25 e 26 de Junho último, a Diocese de Beja realizou a sua XVI Peregrinação Diocesana a Fátima, a qual tem vindo a ser realizada de três em três anos, por iniciativa do saudoso Bispo, D. Manuel Franco Falcão.

Sob o lema “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, os Peregrinos, de diferentes Paróquias da Diocese, no dia 25 de Junho, desde muito cedo, em autocarros e também em viaturas particulares, iniciaram a viagem, rumo a Fátima. Alguns, levavam uma verdadeira preocupação de chegar quanto antes, com a finalidade de ainda antes do almoço, poderem visitar os Valinhos, a Loca do Cabeço, o Calvário Húngaro e Aljustrel, aldeia onde viveram os Pastorinhos e, em alguns casos, procederem à realização da Via Sacra.

O Programa, cumprido na integridade, constou de:

Dia 25 de Junho

15h00 – Celebração de Adoração ao Santíssimo Sacramento e confissões na Basílica da Santíssima Trindade

16h45 – Procissão da Basílica da Santíssima Trindade até à Capelinha das Aparições 17h10 – Consagração da Diocese de Beja a Nossa Senhora de Fátima

21h30 – Rosário 23h00 – Via Sacra até aos Valinhos (organização por paróquia/movimento)

 

Dia 26 de Junho

08h30 – Oração de Laudes na Capela da Morte de Jesus

10h00 – Rosário

11h00 – Missa No final da Eucaristia, o momento sempre esperado, no qual muitos não conseguem conter a emoção, acompanhada de lágrimas: a “Procissão do Adeus”, ocasião para mais “uma prece final”. Nos autocarros, durante a ida e o regresso, os Peregrinos tiveram ocasião para o convívio, a oração e o contar das suas experiências enquanto Peregrinos de Fátima.

 

INTENÇÕES DA PEREGRINAÇÃO DIOCESANA

Mais do que o cumprimento de uma tradição diocesana, em ritmo trienal (de três em três anos), conforme o guião da Peregrinação, trata-se de um acontecimento no qual somos convidados a agradecer, interceder, orar, suplicar e afirmar a nossa confiança na poderosa interceção da nossa Mãe do Céu que, tendo aparecido em Fátima, quis apelar, através dos Pastorinhos, à vivência da Mensagem do Evangelho. “AGRADECER: os dons que Deus concedeu à Igreja Universal e, de forma particular, à nossa Diocese, especialmente ao darmos início às celebrações dos 250 anos de restauração da Diocese.

INTERCEDER: por aqueles que se preparam para a recepção dos Sacramentos de Iniciação cristã e também por todos quantos, tendo já recebido os Sacramentos, optaram por fazer a experiência da reiniciação, como forma de entenderam e aprofundarem a fé.

REZAR: pelo bispo, pelos sacerdotes, pelos doentes, por todas as famílias, e particularmente, pelas famílias cristãs, para que sintam necessidade de fortalecer o seguimento de Jesus Cristo e transmitir a fé aos seus filhos; pelos pobres, pelos desempregados e por aqueles que têm mais dificuldade em encontrar o “pão de cada dia”, para si mesmos e os seus filhos.

PEDIR: ao “dono da seara que mande trabalhadores para a Sua Seara”

CONFIAR: o futuro da Diocese a Nossa Senhora, para que continuemos a escutar o que O Espírito Santo nos diz, e delineemos os caminhos da renovação da Igreja chamada a elaborar o seu projeto eclesial alicerçado na escuta atenta da Palavra de Deus, na conversão pessoal e comunitária, na celebração alegre da fé, no anúncio e testemunho de Jesus Cristo.”

 

Homilia do Bispo de Beja na Eucaristia de Domingo, celebrada no Altar do Recinto do Santuário

1- Caros peregrinos da Virgem de Fátima, especialmente vós, diocesanos de Beja, que deixastes as vossas casas para participardes na Peregrinação Diocesana. Viemos a Fátima! Como a Virgem Santa Maria, subimos à montanha. Sim! Porque somos cristãos, não nos bastam as belas e vastas paisagens das planícies do Alentejo. Somos alentejanos, amamos as nossas terras, mas entendemos a nossa vida como passagem, e, tal como o salmista, levantamos os olhos para os montes. Neste ano em que vamos comemorar os 75 anos da memorável peregrinação da imagem da capelinha das aparições às paróquias da diocese de Beja, teremos também a alegria de receber, de outubro a dezembro, uma imagem peregrina da Virgem Santa Maria de Fátima. É verdade, caros irmãos e amigos: sustentada pelo dinamismo do Espírito Santo, Maria continua a pôr-se a caminho. E assim nos ajuda a caminhar como discípulos de Jesus, e a viver a nossa vida como peregrinação para a casa do Pai.

2 – As leituras que escutámos nesta celebração apresentam-nos pessoas a caminho. Começámos por ouvir como o Senhor curou a paralisia espiritual do profeta Elias no monte Horeb. Quando pensava ter chegado ao fim da sua missão e da sua vida, por ordem de Deus pôs-se a caminho para ungir Eliseu como profeta. Este, desistindo de se despedir dos seus familiares, também se levantou para seguir Elias. Como não entrever, neste dinamismo do profeta Eliseu, chamado pelo Senhor, o gesto da Virgem Santa Maria que se põe a caminho depois de ter recebido a visita do arcanjo S. Gabriel? E quantas irmãs e irmãos nossos, ao longo dos séculos, se têm posto a caminhar conduzidos pelo Espírito? Quantos se levantaram e puseram em marcha pelo deserto, da escravidão para a liberdade, dóceis ao Espírito, para servirem os irmãos? Escutar a palavra suscita a fé e alimenta-nos na caminhada.

3 -Infelizmente, nem sempre os nossos percursos são retos, como o Apóstolo S. Paulo nos advertia na segunda leitura. É muito fácil sermos enganados por outros e ficarmos escravos, como estava acontecendo com os cristãos da Galácia. Mas como uma espada, a palavra do Apóstolo cortou a direito e ajudou aqueles cristãos, e continua a ajudar-nos também a nós, a caminhar como discípulos de Cristo. Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou! Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade! Mas pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros. A liberdade, por muito necessária e importante que nos pareça, não podemos entendê-la como valor supremo e ponto de chegada. Mas a Caridade, pela qual nos colocamos ao serviço dos outros, é, de facto, a virtude básica daqueles que renasceram do alto e se tornaram filhos adotivos de Deus, discípulos e herdeiros de Jesus Cristo Nosso Senhor.

4-No evangelho víamos Jesus com os discípulos a caminho de Jerusalém. Depois de anunciar pela terceira vez aos discípulos a Sua Morte e Ressurreição, Jesus tomou a firme decisão de subir à Cidade Santa. Os discípulos caminhavam fisicamente com Ele, mas os seus corações tinham sentimentos bem diferentes do sentir de Jesus que, cheio de mansidão os corrigiu. Como somos tão semelhantes àqueles apóstolos violentos, os filhos do trovão? Também nós andamos com Jesus, mas que diferentes são os nossos comportamentos dos comportamentos d’Ele! O que é ser cristão? O que significa, na prática, sermos discípulos de Cristo? Os diálogos de Jesus com três pessoas referidas na segunda parte do evangelho de hoje têm palavras muito duras, que podem corrigir-nos e colocar-nos corretamente no Seu seguimento. Reparemos, 7 julho 2022 antes de mais, naquele homem cheio de entusiasmo, disposto a seguir o Senhor para onde quer que Ele vá. Talvez alguns de vós estejais hoje assim também, nesta peregrinação e na vida cristã, porque encontrastes no Senhor a vossa grande riqueza, o tesouro das vossas vidas. Mas se esperais um bom enquadramento para a vossa existência, abundância de bens materiais ou espirituais, o Senhor oferece-vos a Sua pobreza: as raposas têm as suas tocas, as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. Este desapego, este despojamento, é próprio de quem se reconhece como filho amado do Pai e vive inteiramente dependente d’Ele, livre em relação à posse de bens materiais porque tem a experiência de que, como Pai amoroso, o Senhor providencia. É a primeira bem-aventurança: felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Para começarmos a ser discípulos autênticos de Jesus, é necessário obedecermos primeiro a este mandamento do Senhor: vai, vende o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-Me! Vender os bens não é consequência do seguimento de Jesus, é condição prévia: depois vem e segue-Me!

5 – O Senhor Jesus chamou outro homem que se desculpou com a Lei: tenho de cuidar do meu pai enquanto ele viver. E a palavra que o Senhor diz a este que chamou para ir anunciar o Evangelho é uma palavra terrível: deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Tu vai anunciar o Reino de Deus. Ser discípulo de Jesus é passarmos da morte para a vida verdadeira é tornarmo-nos semeadores da vida eterna que Ele nos veio trazer. O discernimento de que precisamos para seguirmos o Senhor, ajuda-nos a estar no mundo sem sermos do mundo. Finalmente, o terceiro homem que se propõe seguir o Senhor mas pondo-lhe condições, que aliás nos parecem bastante razoáveis, ajuda-nos a ver com clareza a quem realmente seguimos: se é ao Senhor, ou se é a nós próprios. Como vemos na vocação de Eliseu que desistiu de se despedir da sua família, as palavras que Jesus diz a este homem ajudam-nos a dar importância ao que é realmente importante: quem deita a mão ao arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus.

6 - Jovens aqui presentes: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor não fecheis o vosso coração. Se Ele te chama para Lhe dares a tua vida e anunciares o Seu evangelho, não fiques parado olhando para os teus pecados e considerando-te indigno. Não tenhas medo! Diz-lhe de coração agradecido: Mestre, onde moras? Aqui estou, Senhor, na Tua presença. Podes enviar-me! Certamente, caros amigos, só pode ser cristão quem é chamado pelo Senhor. E só pode ser apóstolo quem for eleito pelo mesmo Senhor. Ninguém pode dar a si mesmo uma vocação ou uma eleição. É o Senhor que, no seu amor por nós, nos chama e nos elege. Habitualmente, caros irmãos, o Senhor não escolhe os que humanamente são mais capazes, mas capacita aqueles que escolhe. Neste ano pastoral que estamos terminando, começámos, com as outras dioceses da Província Eclesiástica de Évora, um biénio vocacional para pedirmos ao Senhor da Messe que nos envie muitas e santas vocações de consagração para exercerem o sacerdócio ministerial em nossas dioceses. Hoje, neste dia da nossa peregrinação a Fátima, Jesus falou-nos da vocação e da eleição. Concluamos esta homilia com uma breve e sentida oração: Nós vos pedimos Senhor, por intercessão da Virgem Santa Maria Mãe de Jesus, e dos Santos Francisco e Jacinta Marto: concedei-nos a graça de pastores zelosos pelo bem espiritual dos nossos fiéis, que encontrem a verdadeira alegria em responderem generosamente ao chamamento que lhes fazeis. Ámen!

+ J. Marcos, bispo de Beja