Tradições

Festas e Romarias

I. Concerto de Reis e Ano Novo

Tem lugar na Igreja Matriz de Aljustrel, no domingo da Epifania do Senhor, e consiste no cantar ao Menino, do cantar dos Reis e do cantar das Janeiras, que é uma tradição ancestral do nosso povo, com incidência muito particular nas nossas aldeias. Se ao menino se canta na noite de Natal, na Missa do Galo e no dia do Natal do Senhor, já as Janeiras se cantam normalmente entre os dias 1 e 6 de janeiro, e os Reis cantam-se entre a 6. Cantar Janeiras radica no costume de os Romanos se visitarem no primeiro dia do ano para trocar presentes cuja origem primeira tem a ver com o deus Janus que era o deus de todos os inícios, dos meses, dias e anos. Encontramos, aqui, vestígios de velhíssimos ritos que o Cristianismo adotou. Cantar os Reis evoca os Reis Magos que, segundo uma tradição, mais ou menos fantasiosa, se chamavam Baltazar, Gaspar e Belchior, sendo este negro. Vindos do Oriente, juntaram as suas comitivas para conjuntamente adorarem o Menino, oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra. Outra tradição junta às celebrações epifânicas a ideia de dar a boa nova natalícia em termos festivos, em troca de alguma recompensa.

Nesta tarde de Reis, na Igreja Matriz, os grupos corais convidados e o Coro Paroquial, cantam os mais belos e harmoniosos cantares alentejanos ao menino e aos Reis e o cante tradicional das Janeiras.

II. Quaresma e Semana Santa

1. Festa em Honra de Nossa Senhora das Dores

Realiza-se em Aljustrel anualmente no IV Domingo da Quaresma, chamado de Domingo Laetare. Esta festa tem início na quinta-feira e prolonga-se até Domingo. Ao longo de três dias, os cristãos são convidados a unir-se à dor de Maria, num Tríduo preparatório, culminando no Domingo, com a Eucaristia e a Procissão em honra de Nossa Senhora das Dores, que no seu andor ao som da Banda Filarmónica, percorre algumas das ruas da vila de Aljustrel.

 

2. Semana Santa

Começam com a Procissão de Ramos, fazendo memória da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém. Na quarta-feira, na Sé de Beja, o Bispo Diocesano preside à celebração da Missa Crismal. As celebrações do Tríduo Pascal iniciam na Quinta-feira Santa, com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Sexta-feira Santa, à tarde, a celebração da Paixão do Senhor, e à noite, de dois em dois anos, realiza-se no Santuário de Nossa Senhora do Castelo, a Via Sacra nos anos pares, e, nos anos ímpares, tem lugar a solene e comovente Procissão do Enterro do Senhor. No Sábado à noite, a Igreja Matriz enche-se de luz para a Solene Vigília Pascal. No Domingo celebra-se a Eucaristia de Domingo de Páscoa da Ressurreição.

III. Mês de Maria e Mês do Rosário

Maio “Mês de Maria”

Há vários séculos, a Igreja Católica dedica todo o mês de maio para honrar a Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa. A ideia de um mês dedicado, especificamente, a Maria remonta aos tempos barrocos – século XVII. Apesar de nem sempre ter sido celebrado em maio, o mês de Maria incluía trinta exercícios espirituais diários em homenagem à Mãe de Deus.

Foi nesta época que o mês de maio e de Maria combinaram, fazendo com que esta celebração conte com devoções especiais organizadas cada dia durante todo o mês. Este costume durou, sobretudo, durante o século XIX e é praticado até aos dias de hoje, tendo ganhado maior incremento, entre nós portugueses, a partir das aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos na Cova da Iria. Nossa Senhora, em Fátima, recomendou que rezássemos o terço, não só no mês de maio, mas todos os dias e, nas aparições de maio e setembro, pediu aos santos pastorinhos Francisco e Jacinta e à venerável pastorinha Lúcia que rezassem o terço todos os dias para se obter a paz para o mundo que estava a sofrer com a primeira guerra mundial.

Ainda recentemente o Papa Francisco pediu aos cristãos de todo o mundo que rezassem o terço todos os dias para se encontrar a Paz. O mundo e a sociedade estão a passar por momentos tão difíceis, que o apelo do Papa se torna premente. Temos mesmo necessidade de nos voltarmos mais para Deus e nos confiarmos aos cuidados maternos da Virgem Santa Maria.

Devemos rezar, sobretudo, porque Maria é nossa Mãe, Mãe de todo o mundo e porque se preocupa com todos nós. Por isso, merece um mês inteiro para homenageá-la.

Na nossa paróquia, decorrem diversas atividades de índole mariana, nomeadamente a recitação diária do terço, a procissão de velas em Honra de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas da vila, a oferta de flores a Nossa Senhora por ocasião do dia da Mãe. É neste mês que ocorre a peregrinação a pé a Fátima, saindo o grupo do Santuário de Nossa Senhora do Castelo em direção ao Santuário de Fátima.

Outubro “Mês do Rosário”

Na antiguidade, romanos e gregos possuíam o costume de coroar suas estátuas com rosas ou outras flores, simbolizando a homenagem e reverência que a elas prestavam. Adotando para si esse costume, as mulheres cristãs que eram levadas para o martírio, vestiam suas roupas mais belas e adornavam suas frontes com coroas de rosas, mostrando o enorme contentamento que possuíam de irem ao encontro do Senhor. À noite os cristãos recolhiam as flores, e por cada rosa recitavam uma oração ou um salmo pelas mártires.

Daí nasceu o costume recomendado pela Igreja de se rezar o rosário, que consistia em recitar os 150 salmos de David, que eram considerados uma oração extremamente agradável a Deus. Entretanto, nem todos podiam seguir essa recomendação: saber ler naquela época era reservado apenas aos cultos e letrados. Para os que não podiam fazê-lo, a Igreja permitiu substituir os 150 salmos por 150 Ave-Marias. A este “rosário” se passou a chamar “o saltério da Virgem”.

Pouco antes de terminar o século XII, Domingo de Gusmão afligia-se com a situação de decadência de sua época, a gravidade dos pecados e o crescimento da heresia dos cátaros. Um dia, decidiu ir rezar numa floresta, e pedindo fervorosamente que Deus interviesse na situação da Cristandade, começou a flagelar-se com tamanha dureza, que acabou por desmaiar, tendo apenas recuperado os sentidos, e nesse momento a Virgem Santíssima apareceu-lhe e disse-lhe: a melhor arma para combater a heresia e conseguir a conversão dos hereges não é a flagelação, mas sim a recitação de seu saltério.

Dirigindo-se imediatamente à Catedral de Toulouse, São Domingos de Gusmão mandou tocar os sinos e reuniu o povo. Quando ia começar a falar, uma violenta tempestade desencadeou-se com raios e trovões. Porém, verdadeiro susto tiveram os presentes quando viram a imagem da Mãe de Deus erguer o braço direito e ameaçá-los com olhar terrível. Nesse momento, São Domingos começou a rezar o Rosário, e com ele todo o povo reunido na catedral. À medida que rezavam a tempestade amainava, até que cessou completamente.

Noutra ocasião, São Domingos iria fazer um sermão em Notre Dame de Paris na festa de São João Batista. Preparara primorosamente sua homilia, mas antes de fazê-lo rezou fervorosamente o Rosário, e eis que a Virgem Santíssima lhe apareceu e disse: “o teu sermão está bom, mas este que te dou está melhor!”, e deu-lhe um que tratava da devoção ao seu Santo Rosário, e o quanto ela agradava a Deus e à Virgem.

Por muito tempo a população passou a rezar com devoção o Rosário. Porém, passados uns 100 anos da morte desse grande santo, o Rosário começou a ser esquecido. Em 1349 houve uma terrível epidemia na Espanha que devastou o país, à qual deram-lhe o título de “morte negra”. Foi nessa ocasião que Nossa Senhora teve a condescendência de aparecer, juntamente com seu Divino Filho e São Domingos, ao frei Alano de la Roche, então superior dos dominicanos na mesma província onde nasceu a devoção ao Santo Rosário.

Nessa aparição a Virgem Maria pedia que frei Alano fizesse reviver a devoção ao seu Saltério.

Sem demora o padre Alano, junto com os outros freis dominicanos, começou a trabalhar na difusão dessa poderosa devoção, que tanto agrada à Santíssima Virgem. Foi com ele que o Rosário tomou a forma que tem até hoje, dividido em dezenas e contemplando os mistérios da vida de Jesus e Maria. A partir de então essa devoção se estendeu por toda a Igreja.

Na nossa paróquia, decorrem diversas atividades de índole mariana, nomeadamente a recitação diária do terço, a oferta de flores a Nossa Senhora por ocasião do dia da Mãe.


IV. Festa em Honra de Nossa Senhora de Fátima – Rio de Moinhos

Realiza-se anualmente em Rio de Moinhos, no dia 13 de julho, data da terceira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, sendo uma festa de cariz religioso no seu programa consta a Eucaristia e a Procissão de Velas com a Imagem de Nossa Senhora que ao som da Banda Filarmónica, percorre algumas das ruas da aldeia de Rio de Moinhos.

 

V. Festa em Honra de Nossa Senhora do Castelo

Tem lugar no dia 8 de setembro, ou no domingo mais próximo, onde durante vários dias o religioso se mistura com o profano, formando-se assim um belo cartaz cultural e religioso. No Santuário de Nossa Senhora do Castelo, realizam-se celebrações religiosas e a festa, com os bailes, concertos de música popular, cante alentejano, fado entre outros. No domingo, dia solene das festividades, na Igreja Matriz celebra-se a Eucaristia, seguindo-se a majestosa Procissão em Honra de Nossa Senhora do Castelo, com a representação de Confrarias, que neste dia se deslocam a Aljustrel para participarem no momento alto das celebrações. A Procissão termina no Santuário de Nossa Senhora do Castelo, o local onde volta ao Seu lugar, a veneranda Imagem da Mãe de Jesus.

VI. Festa em Honra de Santa Bárbara

Esta festa secular, de cariz religioso e popular, tem lugar anualmente no primeiro fim-de-semana de dezembro, por ser o mais próximo do dia 4 de dezembro, dia litúrgico em que celebra a memória da Virgem e Mártir, Santa Barbara, padroeira da comunidade mineira. Neste dia, tem lugar na Igreja Matriz a Eucaristia, com o canto litúrgico pelo Coro Paroquial e o Grupo Coral “Os Mineiros” de Aljustrel e ao longo dos outros dias das comemorações, destacam-se os colóquios, o cante alentejano, uma prova de atletismo entre outros.