Igreja da Misericódia

Esta Igreja de notável interesse histórico, foi sempre de assistência religiosa aos doentes, local de oração pelos que doavam os seus bens à misericórdia, e local onde outrora ocorriam as celebrações da Semana Santa cujo ponto alto era a procissão do Senhor Morto. Atualmente celebra-se anualmente a Festa em Honra de Nossa Senhora das Dores, no IV Domingo da Quaresma, cujo ponto alto é a Procissão, que percorre algumas das artérias da vila e termina nesta Igreja. Por cima do pórtico de entrada, está inscrito na pedra em latim MIA – DNI – PLENA EST TERRA, que significa: a terra está cheia da misericórdia do Senhor, como se canta no versículo 5 do salmo 32. Existe ainda gravado nesta pedra um símbolo referente à Paixão de Jesus, representado por uma coroa de espinhos e um chicote com que fora açoitado. A igreja é de uma só nave e as abóbadas são em arestas cruzadas onde no centro se veem esculpidos na pedra símbolos alusivos à Paixão de Cristo, na capela-mor as arestas atingem a sua maior expressão, tendo nelas representadas também símbolos alusivos à Paixão do Senhor, e ostenta no nicho central uma das mais belas imagens de roca da Virgem Maria, aqui invocada como a Senhora das Dores. Numa das portas que dá acesso à Sacristia, encontra-se escrito em latim na pedra a frase, REPARTIU DS CÕO PRS, que significa: repartiu Deus com os pobres. Do recheio artístico fazem parte quatro magníficos quadros de escola maneirista, que retratam a visitação de Nossa Senhora sua prima Santa Isabel, a Anunciação do Senhor, o Nascimento do Menino em Belém e a Ressurreição de Jesus. De destacar ainda a bela imagem de roca da Rainha Santa Isabel, com pouco mais de cinquenta centímetros, cuja festa se realizou em tempos nesta Igreja a 4 de Julho de cada ano, dia em que se comemora a Festa litúrgica da Santa, quando eram recebias as rendas e os foros das herdades que a misericórdia possuía e eram distribuídas esmolas aos pobres. A Sacristia ostenta um belo lavabo de pedra. Crê-se que esta igreja só tenha sido construída após o ano de 1533, pois na visitação que nesse ano foi feita esta Igreja não era referida na mesma.